Final de semana passado peguei um avião com destino à Itália para encontrar o Luigi e dar uma volta num veleiro de um amigo, coisa que nunca tinha feito antes. A idéia era nos conhecermos e eu poder experimentar, ainda que brevemente, a vida num barco. De Bergamo viajamos 3 horas de carro até Trieste, onde se encontrava o barco.
Um almoço simpático num Restaurante Agriturístico (o que pra eles que dizer que a comida servida é em grande maioria produzida na própria propriedade) e subimos no barco. O Solidea, um channel cutter, tem seu design inspirado num modelo do século XIX, cuja função era guiar os grandes navios pelos canais mais estreitos, pois o nome.
No interior, lugar para 4 pessoas dormirem confortavelmente, cozinha e banheiro. Sobre o deck, metros e metros de cordas amarradas em todas as direções e com as quais aos poucos fui me familiarizando com a ajuda de explicações de todos. Saímos da Marina por volta das 14h e depois de alguns minutos de motor, em mar aberto, abrimos as velas! O vento não era muito, mas a sensação foi genial!
A idéia de atravessar o mar sem queimar combustível é sedutora, sobre tudo numa sociedade como a nossa. Tive a chance de pilotar o barco, o que não foi difícil mas ao mesmo tempo pediu certa concentração, pois, como explicaram, o ângulo com o qual o vento entra na vela faz com que o barco avance mais ou menos. Algumas horas depois chegamos em Grado, uma pequenina cidade de pescadores muito turística, linda com suas ruelas e casinha do estilo veneziano. Ali jantamos, como bons marinheiros, um enorme prato de pasta com frutos do mar e demos voltas até o sono bater. Passamos a noite no barco e na manhã seguinte fomos ao mercado local comprar frutas e frios para o trajeto de volta.
O plano era voltarmos pelos canais ao invés de irmos pelo mar. Faríamos o trajeto com os motores devido ao fraco vento e, principalmente, a estreiteza dos canais. Infelizmente a maré baixa não nos deixou ir muito longe. Uma horas depois da partida nos deparamos com um trecho raso demais e ali encalhamos, por alguns minutos. Decidimos então voltar pelo mar, pelo mesmo trajeto que tomamos na ida. Desta vez, por outro lado, voltamos com o motor, uma pena pois gostaria de ter visto o barco andar com o vento na popa.
FChegamos em Triste ao anoitecer e fomos jantar, nesta vez em outro restaurante Agríturístico, possuído pelo irmão do dono daquele primeiro. A noite de sono foi curta e às 2 horas da manhã acordamos para de carro voltarmos ao aeroporto de Bergamo. Durante o trajeto tive mais algumas lições de vela e de italiano, que vou praticar com um amigo italiano que conheço em Paris para a grande viagem de Agosto. Uma breve despedida e um enorme agradecimento e nos separamos as cinco e meia. Não vejo a hora de subir outra vez num barco, desta vez por 23 dias, e aprender, por entre as ilhas gregas, o máximo possível!